A primeira capela dedicada a S.
Guido Maria Conforti no Interior da Amazônia
Penetrar no coração da Floresta Virgem da Amazônia ainda é um grande ideal para os Missionários
Xaverianos, que, desde 1961, anunciaram a presença de Reino de Deus nestas
terras dispersas no "fim do mundo".
Escreve
o missionário Xaveriano, Padre Mario Lanciotti (1901-1983) que por primeiro
No coração da Amazônia pode
ser encontrado ainda hoje muitas pessoas cristãs, "batizadas mas não
evangelizadas".
Vou publicar aqui um caso
típico, perdoe-me:
Era véspera de Natal. Encontrava-me
sentado num banco da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A Capela
estava preparada para a festa. Num canto, a Irmã Adelina tinha preparado o
Presépio, colocando toda a sua arte para que o Presépio fosse uma reprodução
autêntica do nosso ambiente amazônico. Em lugar do berço coberto de palha,
deitou o Menino numa pequena rede amarrada entre duas palmeiras, na entrada da
gruta.
Eu estava rezando o breviário na
espera de penitentes para a confissão. O primeiro a chegar foi um homem de
30/40 anos de idade. Entrou me cumprimentou e foi direto em direção ao
Presépio. Ficou contemplando-o, demoradamente, imóvel.
Em seguida, eu me aproximei e
perguntei-lhe:
- De onde vens?
- Do Km 185 da Transamazônica.
- De que Estado és?
- Do Ceará.
- Gostas deste Presépio?
- É bonito, muito bonito!
- Sabes o que representa?
Balançou a cabeça em sinal negativo.
- Sabes que o Natal nos lembra o
nascimento de Jesus?
Mais uma vez balançou a cabeça em
sinal negativo.
- Mas tu és católico?
- Graças a Deus! Meu padrinho foi
João Lopes dos Santos e minha madrinha, Dona Jurandina, sua esposa.
- E tu não sabes o que é o Natal?
- Eu sei. Natal é Natal: uma grande
festa!
Compreendi que estava à minha frente
um dos muitos católicos que são batizados, mas não evangelizados.
Até aí não tinha chegado ninguém para
as confissões. Comecei uma catequese simples e clara para Jurumi (era seu
nome). O interesse por ele demonstrado me deixou muito surpreendido.
- Jurumi, quando podes voltar para
continuar esta conversa?
Veio por treze dias consecutivos.
Demonstrava um raro interesse, como dificilmente encontramos no mundo afora.
Pedia informações, queria saber tudo. E tudo tinha que ser feito oralmente,
pois era analfabeto, no verdadeiro sentido da palavra. Minha preocupação era de
fazê-lo compreender, com palavras simples, o porquê do nascimento de Jesus e as
consequências práticas do Natal em nossa vida.
No último dia agradeceu-me tudo com
verdadeira sensibilidade.
- Padre, o Natal de Jesus fez-me
compreender muitas coisas. Entendi que a vida não é uma brincadeira. Deve ser
assumida seriamente. O que verdadeiramente tem valor é nos amarmos como Ele nos
amou. Quando tiver a oportunidade de voltar à cidade, não deixarei de te
visitar, para aprender muitas outras coisas.
Passaram-se seis ou sete meses. Um
domingo, depois da Missa, uma mulher, com um menino nos braços, aproximou-se de
mim.
- O senhor é o Padre Marcelo?
- Sim, por quê?
- Eu sou a esposa de Jurumi, aquele
homem do Ceará, que pela festa do Natal veio aqui e o senhor o instruíram na
religião.
- Ah! Lembro-me. Como está ele?
- Está bem, graças a Deus! Eu venho
para agradecer ao senhor, Padre, porque meu esposo voltou completamente mudado
e, desde aquele dia, começou a viver outra vida. O pensamento do Natal de Jesus
nunca mais o abandonou. É um ótimo esposo, um ótimo pai, um ótimo amigo com os
vizinhos. Tornou-se generoso e ajuda o próximo o quanto pode. Ele quer que eu
fique aqui por uns dias para me instruir. Meu esposo me disse que se eu não
aprender Religião, nossa família nunca será como a família de Jesus...”.
Diante de semelhantes situações de “pessoas batizadas,
mas não evangelizadas”, nosso amigo xaveriano pe. Hilário Trapletti encontra-se
faz dez anos na grande missão do município de Tomé-açu, aproximadamente a 200
km de Belém, a capital da Amazônia. Existem cerca de cem comunidades cristãs
espalhadas no meio da floresta.
P. Hilario, com 40 anos de vida
em Amazônia, sabe que não pode fazer tudo, que não consegue catequizar todo o
seu povo. Pensou de realizar uma coisa interessante: “vou construir uma bela capela
para cada comunidade.Eu não sou
eterno, tenho quase oitenta anos, mas as capelas vão ficar como sinal da vinda
de Cristo Jesus também no meio deste povo abndonado”.
Ele construiu nos últimos
anos, em Tomé-açu, mais de 80 capelas, para ser preciso 82. Graças também à
ajuda da sua sobrinha Fúlvia e de outros amigos italianos, formou uma turma de
operários, fieis e expertos, para a construção das capelas, todas lindas, todas
diferentes, todas promovidas por comunidades cristãs, que, não podendo ter o
padre (Hilário vai lá uma vez ou duas vezes por ano), organizam todo domingo a
liturgia da palavra de Deus.
A penúltima capela (a última
nunca vem) tem sido um sonho da juventude de Hilário, quando decidiu de fazer parte da família saveriana,
fundada por São Guido Maria Conforti.
Precisava construir uma capela
dedicada a este Santo Fundador, Bispo de Parma e missionário para o mundo.
Para realizar o seu sonho,escolheu uma aldeia, cerca de
70 km da cidade de Tomé-Açú, a aldeia de Kurimá, onde cerca de 200 pessoas
vivem de subsistência, cultivo de arroz, milho, mandioca, frutas tropicais...
no meio da mata virgem. Não há eletricidade, a água é de igarapé (rio pequeno),
as casas são de taipa, mas as pessoas são símplices, amigáveis, abertas, muito
mais felizes do que aqueles que vivem em cidades.
Aqui também o Santo Guido
Conforti encontraria a sua felicidade, vivendo e evangelizando um povo que
merece.
Aqui, no “fim do mundo”, Hilário, impulsionado
pela alegria de sentir-se xaveriano, construiu sua penúltima capela dedicada a
Guido Maria Conforti.
Vou anexar as fotos de todas
as capelas de Hilario. Fica como convite para quem quiser visitá-las.
Belém 01-05-2013 Festa do
trabalhador
Pe. Marcello Zurlo
Diretor espiritual dos Amigos
Xaverianos (GAMIX)
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