Sonho um papa que saiba amar o mundo
Ontem, diante do meu computador, me apareceu, por acaso, o discurso na integra do Pastor Americano Martin Luther King "I Have a Dream" (Eu teve um sonho), discurso que proclamou na famosa marcha da liberdade, a “Marcha sobre Washington” de 1963:
" Eu
tenho um sonho de que, um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos de
antigos escravos e os filhos de antigos senhores de escravos poderão sentar-se
juntos à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho de que, um dia,
até mesmo o estado de Mississipi, um estado sufocado pelo calor da injustiça,
será transformado num oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho de que meus quatro filhinhos, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele e sim pelo conteúdo de seu caráter.
Sonho com um dia em que a justiça correrá como água e a retidão como um caudaloso rio.
Eu tenho um sonho de que meus quatro filhinhos, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele e sim pelo conteúdo de seu caráter.
Sonho com um dia em que a justiça correrá como água e a retidão como um caudaloso rio.
Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes; mas não aprendemos
a simples arte de vivermos junto como irmãos.
Quando deixarmos soar a liberdade, quando a deixarmos soar em cada povoação e em cada lugarejo, em cada estado e em cada cidade, poderemos acelerar o advento daquele dia em que todos os filhos de Deus, homens negros e homens brancos, judeus e cristãos, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar com as palavras do antigo spiritual negro: " Livres, enfim. Livres, enfim. Agradecemos a Deus, todo poderoso,
Quando deixarmos soar a liberdade, quando a deixarmos soar em cada povoação e em cada lugarejo, em cada estado e em cada cidade, poderemos acelerar o advento daquele dia em que todos os filhos de Deus, homens negros e homens brancos, judeus e cristãos, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar com as palavras do antigo spiritual negro: " Livres, enfim. Livres, enfim. Agradecemos a Deus, todo poderoso,
somos livres, enfim”.
Lendo esta pagina, pensei no esforço que o mundo inteiro está fazendo, nestes dias, para dar palpites sobre a eleição do novo papa e comecei a sonhar pensando que o meu sonho é somente um pobre sonho, mas com uma segreda esperança que o sonho possa ajudar os amigos/as leigos xaverianos a formar a sua consciência sobre o imenso valor de ter um papa “nosso”, que amamos e apreciamos.
Dizia o presidente da República da África do Sul
Nelson Mandela
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Por isso sonhamos um papa diferente:
Um papa capaz de partilhar a sua felicidade de ser humano com a humanidade, proclamando que todos os “viventes” são felizes porque amados por Deus e fontes de amor.
Um papa que ame o mundo, homens e mulheres, crianças e idosos, jovens e adultos, de qualquer raça o religião, assim como Deus os ama, com as mesmas ternuras dele. Um papa chamado a ser “Artesão da reconciliação e portador da esperança”, segundo o caminho indicado das Bem-Aventuranças (Mt 5 sg)
Um papa que convide todas as comunidades a aplicar este amor particularmente para com os mais pobres e a comprometer-se para a construção de um sociedade mais justa, mais fraterna e mais solidária. Isso Cristo Jesus chama “Reino de Deus"
Dizia Dom Helder Camara: "Se eu dou comida para os pobres me chamam de santo. Se eu perguntar por que os pobres não tem comida, me chamam de comunista e subversivo"
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Um papa que seja capaz de escutar os desafios do mundo moderno, num
diálogo sereno, como fez Jesus, 2000 anos atrás, com a Samaritana, mulher de má
fama, herética, inimiga dos hebreus e totalmente anti-católica com os seus
cinco maridos e um companheiro!
"Ninguem tira a minha vida, eu a dou livremente"
Um papa que seja capaz de achar as palavras certas para que a Igreja proclame
ao mundo a sua mensagem de amor e promoção da vida, não através as proibições e
as condenações, mas com o calor do amor que convida a ter o máximo respeito
para o ser humano.
Um papa que tenha na mão o leme do barco de Pedro e saiba mudar as regras do Vaticano.
Um papa que saiba escutar “os sinais do tempo”, como diz o Concílio
Vaticano II. Vamos reler o “pacto das
Catacumbas” promovido por dom Helder Câmara, que vou anexar no fim.
Um papa que renuncie à aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos, ser, com efeito, evangélicos). Cf. Mc 6,9; Mt 10,9s; At 3,6.
Nem ouro nem prata. (cfr
Pacto das Catacumbas,nº2)
Um papa que recuse de ser chamado com nomes e títulos que signifiquem
a grandeza e o poder (Santidade, Eminência, Excelência, Monsenhor...).
Melhor ser chamados com o nome
evangélico de Padre. Cf. Mt 20,25-28; 23,6-11; Jo
13,12-15. (cfr Pacto das catacumbas nº 5)
Um papa que abra com coragem espaço às conferências episcopais de cada continente, caminho já indicado na “Gaudium e Spes” (documento do Vaticano II), para a solução dos problemas das Igrejas locais e para uma atualização eficaz das mensagens do Evangelho. O princípio da subsidiariedade é válido também para a Igreja e não somente para a sociedade civil.
Um papa que abra com coragem espaço às conferências episcopais de cada continente, caminho já indicado na “Gaudium e Spes” (documento do Vaticano II), para a solução dos problemas das Igrejas locais e para uma atualização eficaz das mensagens do Evangelho. O princípio da subsidiariedade é válido também para a Igreja e não somente para a sociedade civil.
Um papa que viva com alegria o serviço a fazer a favor da Igreja, lembrando o pensamento de Santo Agostinho:
Atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Para vós sou bispo e convosco sou cristão. Aquilo é um dever, isto é uma graça. O primeiro é um perigo, o segundo é salvação.
Um papa que saiba amar nossa Senhora como a amam o povo de Belém e do Pará Brasil
É um sonho e nada mais. Pode
porém ajudar todos nós, amigos/as leigos xaverianos, a amar a nossa Igreja, dela recebemos o mais lindo presente da
nossa vida, a BOA NOVA do Amor do Pai.
Com o papa queremos ser a “Trindade
que ama” toda a humanidade.
Belém 10-03-2013
Pe. Marcello Zurlo
Diretor espiritual do GAMIX
PACTO DAS CATACUMBAS DA IGREJA
SERVA E POBRE
Assinado por 40 Padres Conciliares1
Nós, Bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos sobre
as deficiências
de nossa vida de pobreza segundo o Evangelho; incentivados uns
pelos outros,
numa iniciativa em que cada um de nós quereria evitar a
singularidade e a
presunção; unidos a todos os nossos Irmãos no Episcopado; contando
sobretudo
com a graça e a força de Nosso Senhor Jesus Cristo, com a oração
dos fiéis e dos
sacerdotes de nossas respectivas dioceses; colocando-nos, pelo
pensamento e
pela oração, diante da Trindade, diante da Igreja de Cristo e
diante dos
sacerdotes e dos fiéis de nossas dioceses, na humildade e na
consciência de
nossa fraqueza, mas também com toda a determinação e toda a força
de que
Deus nos quer dar a graça, comprometemo-nos ao que se segue:
1) Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população,
no que
concerne à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a
tudo que daí se
segue. Cf. Mt 5,3; 6,33s; 8,20.
2) Para sempre renunciamos à aparência e à realidade da riqueza,
especialmente
no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de
matéria preciosa
(devem esses signos ser, com efeito, evangélicos). Cf. Mc 6,9; Mt
10,9s; At 3,6.
Nem ouro nem prata.
3) Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco,
etc., em
nosso próprio nome; e, se for preciso possuir, poremos tudo no
nome da diocese,
ou das obras sociais ou caritativas. Cf. Mt 6,19-21; Lc 12,33s.
4) Cada vez que for possível, confiaremos a gestão financeira e
material em
nossa diocese a uma comissão de leigos competentes e cônscios do
seu papel
apostólico, em mira a sermos menos administradores do que pastores
e
apóstolos. Cf. Mt 10,8; At. 6,1-7.
5) Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e
títulos que
signifiquem a grandeza e o poder (Eminência, Excelência,
Monsenhor...).
Preferimos ser chamados com o nome evangélico de Padre. Cf. Mt
20,25-28;
23,6-11; Jo 13,12-15.
6) No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos
aquilo que
pode parecer conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma
preferência qualquer
aos ricos e aos poderosos (ex.: banquetes oferecidos ou aceitos,
classes nos
serviços religiosos). Cf. Lc 13,12-14; 1Cor 9,14-19.
7) Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de
quem quer
que seja, com vistas a recompensar ou a solicitar dádivas, ou por
qualquer outra
razão. Convidaremos nossos fiéis a considerarem as suas dádivas
como uma
participação normal no culto, no apostolado e na ação social. Cf.
Mt 6,2-4; Lc
15,9-13; 2Cor 12,4.
8) Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão,
coração, meios,
etc., ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos
laboriosos e
1 No dia 16.11.1965 cerca de 40 Padres Conciliares celebraram nas
catacumbas de
Domitila uma Eucaristia pedindo fidelidade ao Espírito de Jesus.
Após essa celebração
alguns deles firmaram o "Pacto das Catacumbas". Ver in:
KLOPPENBURG, Boaventura
(org.). Concílio Vaticano II. Vol. V, Quarta Sessão. Petrópolis:
Vozes, 1966, 526-528.
economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem que isso prejudique
as outras
pessoas e grupos da diocese. Ampararemos os leigos, religiosos,
diáconos ou
sacerdotes que o Senhor chama a evangelizarem os pobres e os
operários
compartilhando a vida operária e o trabalho. Cf. Lc 4,18s; Mc 6,4;
Mt 11,4s; At
18,3s; 20,33-35; 1Cor 4,12 e 9,1-27.
9) Cônscios das exigências da justiça e da caridade, e das suas
relações mútuas,
procuraremos transformar as obras de "beneficência" em
obras sociais baseadas
na caridade e na justiça, que levam em conta todos e todas as
exigências, como
um humilde serviço dos organismos públicos competentes. Cf. Mt
25,31-46; Lc
13,12-14 e 33s.
10) Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso
governo e pelos
nossos serviços públicos decidam e ponham em prática as leis, as
estruturas e as
instituições sociais necessárias à justiça, à igualdade e ao
desenvolvimento
harmônico e total do homem todo em todos os homens, e, por aí, ao
advento de
uma outra ordem social, nova, digna dos filhos do homem e dos
filhos de Deus.
Cf. At. 2,44s; 4,32-35; 5,4; 2Cor 8 e 9 inteiros; 1Tim 5, 16.
11) Achando a colegialidade dos bispos sua realização a mais
evangélica na
assunção do encargo comum das massas humanas em estado de miséria
física,
cultural e moral - dois terços da humanidade - comprometemo-nos:
- a participarmos, conforme nossos meios, dos investimentos
urgentes dos
episcopados das nações pobres;
- a requerermos juntos ao plano dos organismos internacionais, mas
testemunhando o Evangelho, como o fez o Papa Paulo VI na ONU, a
adoção de
estruturas econômicas e culturais que não mais fabriquem nações
proletárias
num mundo cada vez mais rico, mas sim permitam às massas pobres
saírem de
sua miséria.
12) Comprometemo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vida
com nossos
irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nosso
ministério
constitua um verdadeiro serviço; assim:
- esforçar-nos-emos para "revisar nossa vida" com eles;
- suscitaremos colaboradores para serem mais uns animadores
segundo o
espírito, do que uns chefes segundo o mundo;
- procuraremos ser o mais humanamente presentes, acolhedores...;
- mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for a sua religião.
Cf. Mc 8,34s; At
6,1-7; 1Tim 3,8-10.
13) Tornados às nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer
aos nossos
diocesanos a nossa resolução, rogando-lhes ajudar-nos por sua
compreensão,
seu concurso e suas preces.
AJUDE-NOS DEUS
A SERMOS FIÉIS
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