quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

ROLEZINHO de A a Z

Vamos começar entender o ROLEZINHO - Farofafa.cartacapital.com.br Por: Eduardo Nunomura e Pedro Alexandre Sanches Ainda está confuso entender o que é um rolezinho? ...Ainda está confuso entender o que é um rolezinho?


Foto: Ainda está confuso entender o que é um rolezinho?

A nova geração – em todas as classes sociais – quer consumir, consumir com ostentação, inclusive a música que a representa atualmente com maior precisão. Acontece que, se os batidões incomodam muita gente, uma ou várias dezenas desses jovens reunidos num shopping incomodam muito mais. O rolezinho, diz a imprensa mundial, é um “flash mob dos pobres”. Não, é bem mais que isso. Origens escravocratas, racismo e apartheid cultural fazem parte dessa incrível salada de frutas, legumes e verduras.

Para tentar ajudar a decifrar o que é que está acontecendo, FAROFAFÁ prepara um pequeno dicionário, que começa em um “Apartheid cultural” e termina em “Zumbi dos Palmares”.

Por Eduardo Nunomura e Pedro Alexandre Sanches, do Farofafá | http://bit.ly/1fl2n8p
 Não faltam argumentos das mais variadas naturezas para dizer que esses jovens que “invadem” os shopping centers estão errados. Já tem gente se vestindo de Batman para proteger os cidadãos e seus ouvidos contra o rolezinho, o funk, o funk-ostentação, a Copa do Mundo…
O Brasil está em transe e os jovens não querem nem saber se os governantes vão criar rolezódromos, centros culturais ou que tais para preservar a segurança e o sono das “pessoas de bem” nos templos máximos do consumo de “classe”. Mas como assim?, se as propagandas nos bombardeiam a todos, diariamente, para consumir, consumir e consumir?
A nova geração – em todas as classes sociais – quer consumir, consumir com ostentação, inclusive a música que a representa atualmente com maior precisão. Acontece que, se os batidões incomodam muita gente, uma ou várias dezenas desses jovens reunidos num shopping incomodam muito mais. O rolezinho, diz a imprensa mundial, é um “flash mob dos pobres”. Não, é bem mais que isso. Origens escravocratas, racismo e apartheid cultural fazem parte dessa incrível salada de frutas, legumes e verduras.
Para tentar ajudar a decifrar o que é que está acontecendo, FAROFAFÁ prepara um pequeno dicionário, que começa em um “Apartheid cultural” e termina em “Zumbi dos Palmares”.

Apartheid cultural - Na África do Sul, segregavam negros em guetos, impediam-nos de frequentar os mesmos lugares dos brancos. Nos Estados Unidos, até não muito tempo atrás, negros e brancos nem podiam dividir os mesmos espaços. No Brasil, onde a herança escravocrata reluz insidiosa em todos os interstícios da sociedade, querem agora criar os rolezódromos, espaços isolados acusticamente para o confinamento de jovens. Ê, vida de gado.
Baile funk - Pancadão, tamborzão, charme, proibidão, chame como quiser… Uma das frases mais ouvidas atualmente é: “Shopping não é lugar de baile funk”. Talvez não seja. Mas se na rua não pode, no posto de gasolina não pode, não pode em lugar algum…, alguém pode explicar onde os jovens de periferia devem se divertir?
Criminalização - Polícia reprime, lojistas entram com liminares, donos de shopping fecham as portas, marcas famosas tentam proibir videoclipes, redes sociais interplanetárias policiam-e-tiram-do-ar, comunidades pacificadas tiram o pancadão da legalidade, prefeitos baixam decretos contra música alta em espaços abertos… Ninguém diz que é contra o funk, ou contra os pretos, ou contra as comunidades. Mas…
Don Juan - Os Rolezinhos já produzem uma nova geração de ídolos pop, dos quais provavelmente você nunca ouviu falar. Mas, sem ter videoclipe na TV nem sequer ser propriamente artistas, eles são capazes de reunir pequenas multidões, recrutadas via Facebook – em torno de algo mais ou menos impalpável que não é um funk, um disco ou um sucesso martelado nas redes de TV aberta.
Emicida - EleMano BrownCrioloKarol Conka e toda a turma do hip-hop são precursores inequívocos dos rolezinhos – além de companheiros, vizinhos ou irmãos das mesmas quebradas.