sexta-feira, 15 de março de 2013

O PAPA QUE TEMOS PAPA FRANCISCO



O PAPA QUE TEMOS
Papa
Francisco





"Irmãos e irmãos, boa noite.
Vocês sabem que o dever do conclave era dar um bispo a Roma. Parece que meus irmãos cardeais foram quase ao fim do mundo para encontrá-lo. E aqui estamos”.
São as primeiras palavras de papa Francisco apresentando-se ao mundo inteiro, palavras símplices e humildes.
Foi uma surpresa do Espírito Santo, que quis doar-nos um papa formidável, pescado “no fim do mundo”, mais perto da Patagônia do que de Roma. Os irmãos cardeais agiram em modo profético e, esquecendo as especulações dos jornalistas, declararam que a realidade da Igreja é misteriosa, é de Deus.

Podemos refletir juntos sobre o breve discurso de papa Francisco na janela da Basílica de São Pedro em Roma.
Papa Francisco começou com uma saudação do povo simples: “boa noite” e, terminou o seu primeiro discurso ao mundo e a Roma com outras palavras de saudação, espontâneas, que nascem no coração dos homens simples e nobres: “Boa Noite e Bom descanso”.
Os seus gestos conquistaram imediatamente os espíritos do povo presente na Praça São Pedro e todos nós diante da TV nos comovemos com ele.
Um papa da Américas, da América Latina, o continente da esperança, é claramente um “sinal dos tempos”, que põe no centro da atenção dos cristãos a alegria e a vitalidade da igreja latino americana, apesar das suas contradições sociais. As multidões dos pobres encontraram no papa Francisco o seu amado padre espiritual. Se o João Paulo I foi o “papa do sorriso”, este será o “papa dos pobres” do mundo inteiro.
O nome “Francisco” é tudo um programa de vida e de ação pastoral. A luta pela justiça e a promoção humana nesta nossa sociedade desigual e discriminatória mudará radicalmente a nossa prática cristã para que nunca mais se separe a fé da vida. A memória de Francisco de Assis com os seus ideais de fraternidade e de caridade cósmica norteará a vida do papa, que no seu primeiro discurso por bem três vezes nomeou a palavra “fraternidade”.
Nascido na Argentina, descendente direto de pais italianos emigrantes, Giorgio Mario Bergoglio une, no seu sangue, dois mundos, o antigo e o novo, quase para indicar a continuidade com as raízes do cristianismo e, ao mesmo tempo, a abertura missionária para com os confins do universo.
O nome Francisco faz referência também com o grande apóstolo do Oriente, São Francisco Xavier, padroeiro das missões. A união desses dois homens, Francisco de Assis e Francisco Xavier é um exemplo de energia e vitalidade para a nova igreja.
O fato que o papa, sua santidade Francisco, tenha pedido a bênção ao seu povo revela sem dúvida a sua convicção que sobretudo no povo está a presença de Cristo vivo. Parece-me de reviver as inúmeras vezes em que o povo do Pará pede a bênção: bênção, mãe, benção, padre...: Deus te abençoe!...A todos nós! Enfim o papa Francisco concluiu o seu primeiro discurso ao mundo invocando Nossa Senhora, a “Madonna” (italiano), e a Ela dedicou o seu pontificado. No primeiro dia de papa, ele foi oferecer um buquê de flores, aos pés de Nossa Senhora, na basílica de Santa Maria Maggiore em Roma, de joelho rezou colocando nas mãos da mãe a igreja universal.
Dom Jorge enfatizou em Buenos Aires a humildade em sua vida pessoal, cozinhando sua própria comida, indo de ônibus para o trabalho, desprezando o luxo. Foi uma de suas atitudes mais famosas que espelha uma ação lendária de são Francisco de Assis.
Assim como o santo italiano da Idade Média cuidava dos leprosos e não tinha medo de beijá-los, o arcebispo de Buenos Aires, dom Jorge, ficou conhecido, em 2001, por lavar e beijar os pés de 12 pacientes com AIDS que visitou no hospital.
Ele costumou ser elogiado por sua postura em favor da justiça social. "Vivemos na região mais desigual do mundo, a que mais cresceu e a que menos reduziu a miséria. A distribuição injusta de bens persiste, criando uma situação de pecado social que grita aos céus e limita as possibilidades de vida mais plena para muitos de nossos irmãos", declarou em 2007.
Em 2001. “Eu peço aos teólogos presentes que não me enviem ao Santo Ofício ou à inquisição; no entanto, forçando um pouco as coisas, ouso dizer que o lugar privilegiado do encontro é a bondade da misericórdia de Cristo sobre meus pecados.”
Ele é também visto como um evangelizador bem-sucedido. “Temos de evitar a doença espiritual de uma Igreja autorreferente”, disse recentemente. “A verdade é que, quando se sai às ruas, como fazem todos os homens e mulheres, que querem evangelizar, acidentes acontecem. No entanto, se a Igreja se fechar em si mesma, se torna ultrapassada. Entre uma Igreja que sofre acidentes lá fora e outra adoecida pela autorreferência, não tenho dúvidas em preferir a primeira.”
Já Dom Bergoglio é um intelectual que tem se dedicado aos mais pobres com medidas práticas. Quando foi nomeado cardeal, persuadiu centenas de argentinos a não viajarem a Roma para celebrar com ele e, em vez disso, dar o dinheiro que seria gasto na viagem para os pobres.
Sabemos que a Igreja Católica pode beijar os pés dos que considera “pecadores”, mas não aceitará jamais o seu pecado. E essa talvez seja a dimensão mais incompreendida da instituição Igreja.
Quando se diz que a igreja ama o pecador, mas não o pecado, não se está fazendo mero jogo de palavras. Todo homem, mesmo o mais vil, é digno de piedade, mas isso não quer dizer que possamos concordar com seus malfeitos.
Dom Jorge Bergoglio disse que "há de julgar a dívida social como imoral injusta e ilegítima" devido ao "reconhecimento social que se tem acerca dos graves danos e consequências sobre a vida, o valor da vida e, portanto, sobre a dignidade humana".
Ele afirmou que a "maior imoralidade" da dívida social ocorre em uma nação que têm condições objetivas para evitar ou corrigir tais danos, mas que lamentavelmente parece lutar para agravar ainda mais a desigualdade.
Segundo dom Jorge, a dívida "está arquivada entre quem tem a responsabilidade moral ou política de tutelar e promover a dignidade das pessoas e seus direitos e aquelas partes da sociedade que têm vulnerado seus direitos".
Para o novo papa, os direitos humanos, como dizem os bispos latino-americanos no documento de Santo Domingo, se violam "pela existência de condições extrema pobreza e de estruturas econômicas injustas que originam as grandes desigualdades".
Termino com o recado do presidente americano, Barack Obama, que ofereceu "calorosos votos" em nome do povo americano para o papa, saudando o argentino como o primeiro papa das Américas: "Como campeão dos pobres e dos mais vulneráveis dentre nós, ele leva adiante a mensagem de amor e compaixão que inspirou o mundo por mais de dois mil anos, que em cada um vemos a face de Deus".


O Espírito Santo, que há “surpresamente” eleito papa Francisco, o ilumine e acompanhe no seu não fácil ministério universal.

Belém 15 de março de 2013

Pe. Marcello Zurlo Diretor espiritual do GAMIX



Eis o primeiro discurso do papa Francisco na integra, em Roma, na janela da 

Basílica de São Pedro, às 19hs do dia 13 de março de 2013, diante das 

multidões do mundo inteiro:


"Irmãos e irmãs, boa noite.
Vocês sabem que o dever do conclave era dar um bispo a Roma. Parece que meus irmãos cardeais foram quase ao fim do mundo para encontrá-lo. E aqui estamos.
Agradeço a vocês por essa recepção da comunidade diocesana de Roma ao seu bispo. Muito obrigado.
Antes de tudo, gostaria de fazer uma oração pelo nosso bispo emérito, Bento 16. “Oremos juntos por ele, oremos por ele juntos, e que o Senhor o abençoe e a Madonna o proteja”.
[O novo papa em seguida rezou um 'Pai Nosso', uma 'Ave Maria' e 'Glória a Deus', em italiano, acompanhado pelos fiéis.].
Ele prosseguiu:
"E agora, comecemos essa jornada, bispo e povo, bispo e povo, essa jornada da Igreja de Roma, que lidera todas as igrejas em caridade, uma jornada de fraternidade, de amor, de confiança entre nós.
Oremos sempre por nós, um pelo outro, oremos pelo mundo todo, para que exista uma grande fraternidade. Espero que essa jornada da Igreja que iniciamos hoje, e na qual meu vigário cardeal, que está em minha companhia, me ajudará, possa ser frutífero para a evangelização desta linda cidade.
Agora eu gostaria de abençoá-los, mas antes de tudo quero lhes pedir um favor. Antes que o bispo abençoe o povo, peço que orem ao Senhor para que ele me abençoe. Essa é oração do povo que pede pela bênção ao seu bispo.
Façamos em silêncio essa oração de vocês por mim".
[Depois de alguns segundos de oração silenciosa, ele pronunciou a bênção.].
E concluiu:
"Agora, confiro a vocês e a todo o mundo uma bênção, a todos os homens e mulheres de boa vontade. Amanhã rezarei à Madonna para que ela proteja Roma inteira. Boa noite e bom repouso". Jorge Mario Bergoglio